INCORPORAÇAO NA UMBANDA
Na Umbanda, dentro do campo da
mediunidade, falar em “incorporação” sugere a idéia de “dar passagem a uma
Entidade”, geralmente um Guia Espiritual que vem trazendo uma mensagem de
orientação. E a vontade de incorporar deixa muitos médiuns angustiados
Uns, porque temem o fenômeno da
incorporaçao, e o que acontece é uma espécie de união de dois mentais : o
do Guia Espiritual ou Entidade e o do médium, que se sintonizam, “unindo” os
respectivos campos áuricos, para que um possa expressar suas idéias e “falar
com a voz do outro”- isso, resumindo na forma mais simples.
Mas o que vai “ganhar corpo”, ou
“ganhar forma”, é a expressão das idéias do Guia Espiritual ou da Entidade, bem
como a energia do arquétipo. Ao incorporar, as entidades de Luz certamente que
não se apossam do corpo do médium, elas apenas irão moldá-lo às próprias
características, fazendo com que o médium assuma todo um gestual e movimentos
de apresentação da maneira que realmente sao, (postura corporal, dança, giros,
forma de caminhar, ritmo etc.). A incorporação é mais do que “falar por
intermédio do outro”, pois também envolve que o médium assuma características
do Ser que se manifesta por meio da sua mediunidade e não se limita à
comunicação com espíritos.
No início da atividade mediúnica,
acontece de o médium ficar angustiado, querendo logo incorporar, para “se
sentir médium”; ignorando talvez que existem outras formas de
mediunidade, igualmente importantes, tais como:
a) a
intuitiva ou de pressentimentos - na qual o médium sente ou recebe intuições
de Guias Espirituais e Entidades, (sem vê-los e nem ouvi-los, propriamente);
b) a
sensitiva- na qual
o médium “sente” a presença de espíritos ou de energias extra físicas, (sem
vê-los ou ouvi-los);
c) a
auditiva- na qual
o médium apenas ouve as mensagens dos espíritos ou das Entidades;
d) a da
clarividência- na qual
o médium vê os seres e/ou energias astrais do local onde está ou de um lugar no
espaço distante dali ; ou visualizando “cenas do
passado” ; ou ainda pela psicometria, (“vendo” cenas do
passado ou captando energias do passado, ao tocar objetos, roupas, etc.);
e) de
desdobramento -
no desdobramento o médium “se solta”, desprende-se parcialmente do corpo
físico, acessa e descreve o que está vendo da realidade não-material, podendo
receber e passar as mensagens que os espíritos ou Entidades vão ditando.
f)
psicografia- na qual
o médium escreve textos ditados pelos espíritos e Entidades ou, então, sob a
orientação deles, a partir de idéias básicas que recebe e desenvolve;
g) de
cura- pela
qual, mesmo sem incorporar, o médium pode aplicar passes que irradiam energias
de cura, bem como fazer projeções de energias curadoras à distância;
As orientações que recebemos na
Umbanda através da mediunidade de incorporação são importantes. Contudo,
há outras formas de nos comunicarmos com a Espiritualidade e de trazermos esse
aprendizado para a nossa vida.
Importante é “incorporar”,
(assimilar e aplicar), o fundamento da mensagem. Espiritualidade não é algo
para se viver apenas entre as paredes do Terreiro. É algo para vivermos “dentro
de nós”, em silêncio, com naturalidade, sem alarde, sem roupa especial, sem dia
marcado, sem que ninguém precise elogiar e aplaudir. É um caminho interno, é
aprender a olhar tudo com os olhos da alma, porque isso vai nos ajudar a
encontrar novas soluções, novas formas de viver e enxergar a vida “lá fora”.
Não tem sentido fazer as coisas
para se receber elogios. O essencial é fazermos as coisas em que acreditamos,
pelo bem que elas representam. Agir assim nos livra de muitas mágoas, de muitas
bobagens... Espiritualidade é algo que nos ajuda a caminhar de mãos
dadas com os outros, pelo prazer de ajudar e participar, apesar de sermos
diferentes, apesar de pensarmos de forma diferente, apesar dos pesares...
Ser médium é ser veículo, canal,
meio de comunicação. Dentro e fora do Terreiro.
A melhor forma de transmitirmos
as mensagens do Astral é colocá-las na prática : em família,
no trabalho, com os amigos, com os vizinhos, com as pessoas “difíceis”...
Espiritualidade é união, é a
“incorporação”, (assimilação e aplicação), do verdadeiro sentido da vida : somos
todos filhos de Deus, somos todos feitos de Luz, temos valores e méritos, mas
também temos nossas limitações e lições a aprender.
Incorporar o Guia não é tudo, é
apenas uma parte das infinitas possibilidades de aprendizado que a Vida nos
concede, inclusive no campo mediúnico.
Portanto, no desenvolvimento
mediúnico, não nos preocupemos apenas em girar, em rodar, para “mostrar que o
Guia chegou”... Na verdade, os Guias e Entidades chegam ali
muito antes de nós, preparando o ambiente para o trabalho. Bom mesmo será a
gente conseguir abrir o coração, para incorporar, (assimilar, absorver), os
ensinamentos do Astral e colocá-los em prática.
E, se o Guia quiser incorporar,
por favor : entregue-se, deixe, permita-se a experiência ! Não
perca mais tempo se perguntando : “Será que sou eu, será
que é o Guia...? Abra o coração ! Busque o contato com a
Espiritualidade, que a resposta virá, do jeito que precisa e pode vir, sem
dificuldade, naturalmente, e só por um motivo : somos seres
espirituais !
Muito médium tem dúvidas
sobre as incorporações, confundindo-se nas mensagens, achando que não é o
espírito falando, mas sim sua própria cabeça.:
existe uma fusão do espírito do médium com o espírito comunicante, criando-se
uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café e o leite, separados, são
puros. Misturados criam uma terceira bebida, podendo ser mais preto ou mais
branco, conforme a quantidade das bebidas. Mas sempre a união de ambos terá uma
terceira qualidade.
É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a
presença do espírito, com maior ou menor intensidade.